Investimentos
Ações da Casas Bahia despencam no mercado financeiro: E aí, vale a pena investir?
Varejista vive momento de reestruturação após onda de resultados ruins nos últimos anos. A incerteza, porém, não é bem vista entre investidores.
O Grupo Casas Bahia vive um momento delicado no mercado financeiro. Isso, porque depois de fazer algumas mudanças em seu capital social, a empresa sofreu uma queda de 35% nas ações em uma semana. A informação foi divulgada pelo site da Forbes.
A situação, além do impacto imediato, gera ainda uma série de questões entre investidores sobre o futuro e as vantagens e desvantagens de investir na varejista. O que dá para dizer, desde já, é que a perspectiva de especialistas do setor para o grupo não é boa.
Em muito, isso se explica pelo fato de que não é de hoje que a empresa vem registrando maus resultados. No início deste mês, ela anunciou a troca de nome e do código de negociação na Bolsa de Valores. A denominação mudou de Via para Casas Bahia, e o ticker passou a ser BHIA3, no lugar de VIIA3.
Vale lembrar que uma mudança semelhante já havia sido vivenciada pelo grupo em agosto de 2021, quando o nome foi trocado de Via Varejo para, simplesmente, Via, e o ticker passou de VVAR3 para VIIA3. Todas essas alterações, no entanto, não impediram as quedas. Para se ter ideia, desde 2021, as ações da varejista perderam 94% do valor.
Cenário incerto
Essas mudanças recorrentes, na visão de especialistas, são um sinal claro de estratégia incerta da empresa, porque, do ponto de vista do investimento, apostar em um grupo que passa por momento de transformação é uma jogada financeira de altíssimo risco.
Fora esse aspecto, é preciso analisar o contexto vivido hoje pelo varejo nacional. Nos últimos dois anos, com a alta dos juros e e o aumento da inflação, houve uma queda da demanda e um aumento do custo do crédito. Muitas empresas, além da Casas Bahia, tiveram de desembolsar para tentar reverter o cenário, e o resultado acabou em prejuízo.
Em movimento recente, o grupo fez uma oferta pública de ações para os acionistas (follow-on), tentando capitalizar cerca de R$ 1 bilhão para contrapor a crise. O resultado, porém, ficou aquém do esperado (apenas R$ 622 milhões) e, sem a perspectiva de reestruturação, as ações foram prejudicadas ainda mais.
Dívida de R$ 4,5 bilhões
A empresa convive hoje com um dívida de R$ 4,5 bilhões e já começou a demitir funcionários e fechar algumas lojas, na tentativa de evitar o que aconteceu com a rede Americanas ou de ter que solicitar Recuperação Judicial.
A falta de perspectiva de melhora coloca a Casas Bahia numa posição nada confortável no mercado financeiro, pois incerteza e instabilidade são tudo que um investidor deseja passar longe.
Isso, sem falar que todo o setor está sendo impactado pelo contexto macroeconômico: as ações da Magazine Luiza, por exemplo, tiveram uma desvalorização de 43,5%, enquanto o grupo enfrentou uma queda de 76,49%.
Uma das estratégias da Casas Bahia, hoje, é criar um Fundo de Investimentos em Direitos Creditórios (FIDC) para utilizar o dinheiro dos investidores no financiamento do crediário.
Com isso, ao invés de esperar para receber o dinheiro de vendas parceladas em longo prazo, a empresa poderia contar com os recursos de uma só vez. Resta-nos aguardar para ver se isso será suficiente para salvar a varejista.
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