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Curiosidades

Afinal, que fim levou o ouro que Portugal levou do Brasil?

Uma breve viagem pela história do Brasil Colônia responde a esse questionamento.

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Durante o século XVIII, as minas brasileiras foram intensamente exploradas por colonos portugueses, que se valiam da mão de obra escravizada.

Naquela época, o ouro extraído desempenhava um papel importante no comércio brasileiro, embora grande parte dele fosse destinada a transações comerciais em Portugal.

Além do tradicional uso do ouro na ornamentação das igrejas de Minas Gerais, o metal precioso era amplamente utilizado em pó para transações, compras e vendas dentro do espaço colonial.

O governo português aplicava uma taxa de 20% sobre o ouro descoberto, conhecido como ‘quinto’, que era destinado tanto às despesas públicas no Brasil quanto ao financiamento de obras em Portugal.

Uma das obras mais emblemáticas financiadas com essa arrecadação foi o suntuoso Palácio Nacional de Mafra, conforme registrado pelo geógrafo alemão Wilhelm Ludwig von Eschwege em seu diário ‘Pluto Brasiliensis’.

Ouro explorado era utilizado para diferentes fins – Foto: Reprodução

Mas, então, cadê o ouro do Brasil?

Mais de quatro quintos da produção aurífera do Brasil fluíam para a Europa, muitas vezes através do comércio ilícito, conforme relatado em ‘O Ouro Brasileiro e o Comércio Anglo-Português’.

Os mineiros brasileiros utilizavam o ouro para adquirir produtos dos comerciantes locais, que, por sua vez, empregavam o metal para comprar mercadorias de Lisboa. Esta, pagava com ouro por produtos manufaturados de outras partes da Europa, especialmente de Londres, que estava à beira da Revolução Industrial.

Os acordos comerciais entre Portugal e a Grã-Bretanha, como o Tratado de Methuen de 1703, favoreciam os ingleses, o que resultou em um fluxo considerável de ouro brasileiro para a Inglaterra.

Em 1738, por exemplo, foram necessários 8 mil quilos de ouro para equilibrar a balança comercial entre Portugal e Inglaterra.

Especialistas explicam que a Grã-Bretanha está no coração de uma transformação financeira radical no mundo, e o motor é a mineração no Brasil.

Outro destino significativo do ouro brasileiro foi a África. Portugal utilizava o ouro para adquirir escravos; estima-se que cerca de 47 mil quilos foram utilizados para esse fim na primeira metade do século XVIII.

Parte desse ouro permaneceu na África, mas a maior parte acabou novamente na Europa, demonstrando a complexa rede de comércio e a enorme influência do ouro brasileiro na economia global da época.

Impactos negativos

Apesar da riqueza gerada, a abundância de ouro trouxe consequências negativas para Portugal. Pesquisadores atribuem a essa abundância do metal uma “maldição” que impediu a industrialização e a modernização da economia portuguesa.

Por sua vez, o diplomata D. Luís da Cunha previu essa dependência já no século XVIII, afirmando que Portugal estaria sempre subordinado à Inglaterra.

Natália Macedo é graduada em Jornalismo, possui MBA em Comunicação e Jornalismo Digital. Mineira de Belo Horizonte, é apaixonada pelo Universo Geek e pelo mundo da música e entretenimento. Além disso, ama escrever e informar de maneira leve e democrática.

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