Haddad anuncia medidas para facilitar declaração de renda variável

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou dia 9 que o Brasil deve encerrar 2025 com resultados econômicos melhores do que os estimados pelo mercado. O comentário foi feito durante o lançamento da calculadora de renda variável (ReVar), ferramenta desenvolvida pela Receita Federal em parceria com a B3, que automatiza o cálculo do Imposto de Renda sobre operações em bolsa.

“A inflação está em linha com as projeções. Estou confiante de que vamos terminar o ano um pouco melhor do que o esperado. E acredito que o próximo ano será ainda mais confortável”, disse o ministro, sem detalhar as estimativas da Fazenda. Haddad também projetou avanços com a digitalização da economia e a reforma do sistema tributário.

A declaração de Haddad ocorreu no mesmo dia em que o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou que a inflação oficial de abril ficou em 0,43%, pressionada por alimentos e remédios. O resultado marca o segundo mês seguido de desaceleração do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), após registrar 0,56% em março e 1,31% em fevereiro. No acumulado de 12 meses, o IPCA atinge 5,53%, acima do teto da meta do governo, que é de 4,5%.

Ressarcimento a aposentados prejudicados

Após o evento na B3, Haddad comentou a investigação sobre descontos não autorizados em benefícios de aposentados e pensionistas, revelando que os prejudicados serão ressarcidos. Segundo ele, parte do dinheiro virá de contas bloqueadas de associações e sindicatos envolvidos no esquema.

“A Advocacia-Geral da União já bloqueou uma quantia significativa de recursos dessas entidades. Vamos avaliar os próximos passos para garantir que quem foi lesado seja indenizado e que os responsáveis civis paguem por isso”, declarou o ministro. Questionado se a União cobrirá eventuais diferenças, Haddad disse que essa possibilidade ainda está em análise.

Reforma do Imposto de Renda e justiça tributária

Sobre a reforma do Imposto de Renda, o ministro afirmou estar à disposição do relator, deputado Arthur Lira, para discutir os cálculos da proposta. Ele defendeu a fixação de uma alíquota mínima para altos rendimentos, apontando distorções no sistema atual. “Hoje, uma professora de escola pública paga imposto de renda, enquanto quem ganha R$ 1 milhão por ano pode não pagar nada. A reforma visa corrigir essas injustiças”, explicou.

Haddad disse acreditar que a proposta tem chances reais de ser aprovada. “Estamos prontos para mostrar que é mais fácil do que parece promover essa transformação.”

Digitalização e novo sistema tributário

O ministro também destacou o papel da digitalização na modernização da economia e afirmou que a ReVar é o primeiro passo de uma série de iniciativas. A ferramenta, disponível gratuitamente na área do investidor da B3, permite a automatização do cálculo de IR sobre operações em renda variável. Segundo Haddad, em breve haverá outra ferramenta voltada à tributação sobre o consumo.

“Em dois ou três anos, toda a economia brasileira estará digitalizada. O governo vai deixar de ser um problema e passará a ser um aliado do contribuinte”, declarou.

Inflação segue pressionada, mas desacelera

A inflação de abril foi puxada principalmente pelos grupos de alimentação e saúde, que juntos responderam por 0,34 ponto percentual do IPCA. Os destaques de alta foram batata-inglesa (18,29%), tomate (14,32%) e café moído (4,48%). O café acumula alta de 80,2% em 12 meses, a maior desde o início do Plano Real, em 1994. Já o arroz caiu 4,19%, e os ovos recuaram 1,29%.

A inflação nos serviços, que é monitorada pelo Banco Central, também mostrou alívio, com desaceleração de 0,62% em março para 0,20% em abril. Já os preços monitorados, como medicamentos e energia, subiram 0,35%. O único grupo com deflação foi o de transportes, com queda de 0,38%, puxada por passagens aéreas (-14,15%) e combustíveis.

INPC também sobe

O IBGE também divulgou o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), que mede a inflação para famílias com renda de até cinco salários mínimos. O indicador subiu 0,48% em abril. O valor do salário mínimo atualmente é de R$ 1.518.

(Com Agência Brasil).