Exterior negativo, ‘prévia do PIB’ e Selic em alta pautam Ibovespa

Diante de um cenário externo de bolsas asiáticas em queda e futuros americanos ‘pilotando’ leves altas, o Ibovespa volta agora sua atenção para a agenda doméstica, a exemplo da divulgação do IBC-Br (Índice de Atividade Econômica do Banco Central) – ‘prévia’ informal do PIB – de julho, que deve subir 0,4%, se comparado ao mês anterior, na previsão da consultoria Refinitiv.

Hora da digestão – No momento, o mercado ainda digere as falas da véspera dos comandantes da economia, o ministro da Economia, Paulo Guedes, e o presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, em que o primeiro advertiu que “a não aprovação da reforma do Imposto de Renda (IR), acarretará a falta de fonte de financiamento para o Auxílio Brasil, em substituição ao Bolsa Família, o que obrigaria o governo a reeditar o auxílio emergencial. Guedes também destacou a importância do diálogo que tem mantido com o Legislativo e o Judiciário, no sentido de encontrar uma solução satisfatória para os precatórios.

Qual é o plano? – Na véspera (14), Neto havia sinalizado que poderia elevar a Selic (taxa básica de juros) ‘onde precisar’ para o controle da inflação, mas sem comprometer o ‘plano de voo’ da política monetária. Segundo uma equipe de analistas da XP, “parte do mercado interpretou a fala do presidente do BC como a ‘reiteração’ da última posição do Comitê de Política Monetária (Copom), de um aumentar a Selic em um ponto percentual, na reunião da próxima semana, fazendo com que preços e expectativas refletissem a majoração.

Agenda BC – Essas impressões poderão se tornar mais nítidas, caso Campos Neto – que participa, agora de manhã, do anúncio de medidas da Agenda BC# Sustentabilidade – alinhave melhor seu comentado, mas ainda incompreendido ‘plano de voo’ de controle da inflação persistente brasileira. A agenda BC# Sustentabilidade tem por fim reduzir a necessidade do mercado por financiamentos governamentais, além de fomentar a realização de investimentos privados, e ampliar a democratização financeira, tendo em vista o crescimento do PIB. Medidor do valor do real, o fluxo cambial semanal será divulgado, no início da tarde, pela autoridade monetária.

Devolução rápida – Outro ponto de atrito latente entre poderes fica evidenciado pela devolução, pelo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), da Medida Provisória (MP) do Marco Civil da Internet, editada há uma semana pelo governo, que limitava a remoção de conteúdos publicados nas redes sociais.

Decepção chinesa – No front externo, destaque para a decepção, na China, com os dados sobre vendas no varejo relativos a agosto, ainda ‘lentas’, pois estas cresceram apenas 2,5% ante os 7% projetados por analistas, consultados pela agência britânica Reuters. Ao mesmo tempo, a produção industrial da segunda economia do planeta também frustrou previsões, ao crescer 5,3% em agosto, abaixo dos 5,8% esperados.

Aperto regulatório – Como reflexo, o Shanghai composto recuou 0,17%, sendo acompanhado pelo Nikkei japonês, que caiu 0,52%, ao passo que o sul-coreano Kospi avançou 0,15%. Já o índice Hang Seng (Hong Kong) encolheu 1,6%, fortemente influenciado pelas perdas expressivas dos mercados locais, por temores sobre novo aperto regulatório, depois que Macau deu início a uma consulta pública sobre jogos.

Ajudinha bilionária – Nos EUA – que enfrenta, como aqui, inflação em alta – a preocupação do investidor ianque é com a capacidade de recuperação da economia local, o que dá margem a especulações intermináveis, sobre como ocorrerá a retirada do incentivo bilionário (US$ 120 bilhões) aportado todos os meses pelo Federal Reserve (banco central norte-americano), a título de injeção de liquidez na economia da superpotência.

Em queda – Na véspera, todos os indicadores registraram queda: o Dow Jones caiu 0,8%, o S&P recuou 0,6%, e o Nasdaq perdeu 0,5% – no seu quinto dia consecutivo de perdas. Foi o quinto dia de perdas consecutivas para o Nasdaq. Anualizada em agosto último, a inflação americana estaria hoje em torno de 5,3%, avançando 0,3% em relação a julho deste ano.

Ligeira elevação – Na Europa, o índice Stoxx 600 opera em ligeira elevação, devido ao desempenho negativo para ações do setor de viagem e lazer (1,1%) e positivo (0,6%) para o setor de petróleo e gás. No pódio da carestia, destaque o crescimento inflação de 3,2% do Reino Unido em agosto (no comparativo anual), que é maior percentual em nove anos, após ter avançado 2% em julho, igualmente anualizado, segundo dados fornecidos pelo Escritório para Estatísticas Nacionais.

Principais indicadores  

Estados Unidos

*Dow Jones Futuro (EUA), +0,18%
*S&P 500 Futuro (EUA), +0,25%
*Nasdaq Futuro (EUA), +0,29%

Europa

*FTSE 100 (Reino Unido), +0,07%
*Dax (Alemanha), -0,12%
*CAC 40 (França), -0,56%
*FTSE MIB (Itália), -0,23%

Ásia

*Nikkei (Japão), -0,52% (fechado)
*Shanghai SE (China), -0,17% (fechado)
*Hang Seng Index (Hong Kong), -1,84% (fechado)
*Kospi (Coreia do Sul), +0,15% (fechado)

Commodities e Bitcoin

*Petróleo WTI, +1,18%, a US$ 71,29 o barril
*Petróleo Brent, +1,06%, a US$ 74,38 o barril
*Bitcoin, +2,72% a US$ 47.120,52
*Sobre o minério: **Contratos futuros do minério de ferro negociados na bolsa de Dalian registram queda de 2,94%, cotados a 692,5 iuanes, equivalente hoje a US$ 107,64 (nas últimas 24 horas).
USD/CNY = 6,43