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Atraso na safra de soja pode reduzir oferta brasileira no começo do ano, estima AgRural

Falta de chuvas tem causado atrasos na plantação que podem comprometer a oferta da oleaginosa em janeiro.

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A consultoria AgRural disse nesta segunda-feira que o plantio de soja da temporada 2020/21 do Brasil deverá progredir pouco nos próximos dias por causa da falta de chuvas, aumentando um atraso que comprometerá a oferta do produto em janeiro, quando normalmente já há colheitas mais expressivas da nova safra.

A demora na semeadura ocorre em meio à perspectiva de estoques finais mínimos em 2020 no país, após exportações volumosas ao longo do ano e um consumo forte no mercado interno. Com tudo isso, uma oferta maior de soja em janeiro seria muito desejável no Brasil.

O Mato Grosso, maior produtor brasileiro, já havia colhido cerca de 9 milhões de toneladas, ou 25% da safra, ao final de janeiro de 2020, o que não ocorrerá no próximo ano.

“É difícil acreditar que vai ter um terço disso colhido em janeiro do ano que vem com esse cenário que estamos desenhando. Não vai abastecer mercado em janeiro, todo o movimento do mercado vai para fevereiro”, disse o analista Fernando Muraro.

Segundo o analista, o resultado foi o aumento de quase 25% ao longo de setembro nos prêmios de exportação do produto nos portos para embarque em fevereiro, registrando um pico de 1 dólar por bushel frente os contratos futuros da bolsa de Chicago.

Boa notícia para os EUA

A expectativa é de que a China, maior importador mundial, deverá continuar comprando grandes volumes dos Estados Unidos por mais tempo no início do próximo ano, em meio à oferta mais escassa de soja esperada para o primeiro mês de 2021, o que não ocorre em temporadas em que o Brasil já tem maior disponibilidade no período.

“Isso é bom para os Estados Unidos, e a China vai continuar comprando soja dos Estados Unidos. Se os chineses compram lá até janeiro, vão ter que comprar em fevereiro também, enfim, esqueça janeiro, a entressafra do Brasil vai até fevereiro”, explicou Muraro.

Os números de plantio até o momento e perspectivas para os trabalhos de campo nesta semana justificam as falas do analista, uma vez que o ritmo continuará desacelerado por causa da falta de chuvas.

Até 1º de outubro, produtores brasileiros tinham plantado 1,6% da safra, com Mato Grosso e o Paraná liderando os trabalhos com semeadura em 3,5% e 4,2% da área esperada, respectivamente. Os níveis estão atrás da média de cinco anos para o país, de 4,5% para o período, quando os dois Estados maiores produtores já plantaram 5,8% e 15,3%.

Se as médias históricas já mostram atraso até o momento, a situação tende a piorar muito até o final desta semana, afirmou Muraro, já que não há previsão de chuva em quase todo o Centro-Oeste.

As chuvas devem chegar somente a a partir do dia 11, com os volumes aumentando na região central do Brasil só na próxima semana, mostram dados do erminal Eikon, da Refinitiv, quando então os produtores terão melhores condições para iniciar os trabalhos.

Morar afirmou que a média histórica da AgRural de plantio de soja em Mato Grosso para o dia 8 de outubro é de cobertura de 20% da área, ao passo que no ano passado produtores do Estado já tinham semeado um quarto de suas lavouras no período.

“Se o ano passado tinha 25% da safra plantada, este ano não vai ter 10% (até 8 de outubro), no cenário mais pessimista”, acrescentou Muraro. Com as elevadas temperaturas, os produtores deverão evitar semear “no pó”, na espera de chuvas, devido aos riscos de germinação, disse ele.

“Com 65 graus no solo, ninguém vai botar a semente, o plantio está travado em Mato Grosso.”

Em meio a esse cenário, ele afirmou que já orientou clientes, compradores de soja e empresas de logística sobre a baixa oferta esperada para o início de 2021.

“É bom tirar o cavalinho da chuva, não vai ter soja em janeiro”, brincou, completando que a “Lei de Murphy” complicou quem estava prevendo uma colheita precoce para abastecer estoques desfalcados.

Segundo a Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), os estoques de soja do Brasil ao final de 2020 são estimados nos menores da história, apenas 419 mil toneladas, apesar da safra recorde de 125,5 milhões de toneladas.

Repetindo um movimento visto em 2018, o processamento brasileiro bateu o recorde de 44,6 milhões de toneladas e exportações acima de 80 milhões de toneladas no ano.

Nesse cenário os compradores de soja têm poucas alternativas, acrescentou Muraro.

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