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Bard: Executivos do Google se irritam após anúncio conturbado

“Bard não é pesquisa”, respondeu líder da ferramenta em reunião geral. Ele foi questionado pelo fórum interno, após trapalhadas no lançamento

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Depois de um anúncio conturbado do Bard, a ferramenta de inteligência artificial (IA) do Google, executivos da empresa estão tentando esclarecer tudo. As investidas, no entanto, podem estar causando verdadeira confusão entre categorias profissionais da companhia.

Na quinta-feira (2), houve uma reunião geral na qual os executivos esclareceram perguntas do Dory, que é um fórum interno da empresa. A maioria das questões foi relacionada ao Bard e o tom da conversa, entre os colaboradores, foi descrito como “irritado”.

Esse foi o primeiro encontro geral depois que funcionários do Google criticaram a liderança da empresa, principalmente do CEO Sundar Pichai, pela maneira como ele lidou com o anúncio do Bard.

Vale lembrar que a IA do Google é considerada de extrema importância e relevância estratégica, por se tratar de um momento marcado pelo anúncio do principal concorrente, o ChatGPT, criado pela OpenAI.

Reconhecimento negativo diante dos riscos

O presidente da Alphabet, grupo que controla o Google, já admitiu e reconheceu que a companhia não estava preparada para anunciar a nova ferramenta.

A bolsa de valores americana puniu o grupo pelo lançamento “atrapalhado” e derrubou o valor das ações. O motivo, essencialmente, foi a preocupação de que a principal ferramenta de pesquisa da empresa corra o risco de perder espaço e ser substituída no mercado.

Diante do quadro, investidores começaram a cogitar essa possibilidade, caso os consumidores deixem a tradição da pesquisa de lado e passem a recorrer às respostas dadas por inteligências artificiais.

Reação interna

Funcionários do Google não demoraram para reagir ao jeito como tudo ocorreu. De imediato, eles classificaram a apresentação pública do Bard como “apressada”, “fora do estilo do Google” e “errada”.

O líder de produto do Bard, Jack Krawczyk, também esteve presente na reunião geral de quinta-feira e teve de responder à seguinte pergunta do fórum interno da empresa:

Bard e ChatGPT são grandes modelos de linguagem, não modelos de conhecimento. Eles são ótimos em gerar texto que soam humano, mas não são bons em garantir que seu texto seja baseado em fatos. Por que achamos que o primeiro grande aplicativo deve ser a Pesquisa, que tem como objetivo encontrar informações verdadeiras?

Sem titubear, Krawczyk reagiu e respondeu imediatamente:

Só quero deixar bem claro: O Bard não é Pesquisa. É um experimento que é um serviço colaborativo de IA sobre o qual conversamos. A mágica que estamos descobrindo ao usar o produto é realmente ser esse companheiro criativo para ajudá-lo a ser a centelha da imaginação, explorar sua curiosidade, etc.

Mas…

O executivo, no entanto, seguiu a resposta dizendo que é impossível impedir os usuários de usar a inteligência artificial da empresa, futuramente, como uma forma de pesquisa.

Esse impasse pode gerar efeitos econômicos, como o já sentido na queda das ações da bolsa de valores. Querendo ou não, ele está relacionado à credibilidade construída ao longo das décadas pelo Google em torno da sua principal ferramenta: a pesquisa.

Vamos tentar melhorar a geração das consultas associadas lá, além de transmitir aos usuários nossa confiança”, disse Krawczyk na reunião.

A estratégia ignorada

Desde o início, tinha-se a ideia de estratégia de que seria necessário separar o Bard das pesquisas. Isso era considerado um pilar básico do lançamento da inteligência artificial.

Já na preparação para o anúncio da novidade, no entanto, os executivos do Google já repetiam que a nova tecnologia poderia se integrar à pesquisa. A confusão subsequente foi algo natural, diante do contexto.

Com a estratégia ignorada, funcionários da empresa começaram a criticar e disseram que as respostas inconsistentes dos executivos motivaram as dúvidas e suspeitas.

Jornalista formado pela Universidade Federal de Goiás (UFG), com especialização em Comunicação Digital, e que trabalha há 14 anos como repórter e redator

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