Ações, Units e ETF's
Combinação de crises não deve impedir avanço de BDRs este ano
Mesmo sujeitos a correções, recibos de depositantes nacionais na bolsa dos EUA cresceram 78% em 2021
Acossados pela crise econômica interna (juros altos, inflação idem e crescimento pífio) de um lado, e pela instabilidade externa (perdas acionárias nos EUA), de outro, os BDRs (sigla para Brazilian Depositary Receipts, traduzida como recibos de depositantes brasileiros de empresas nacionais na bolsa dos EUA), terão de passar ‘por ajustes ou correções’ em breve, após experimentarem notável crescimento de 78% (R$ 15,6 bilhões) em 2021, ante os R$ 8,78 bilhões registrados em 2020, indicou levantamento da Quantum Finance.
Salto para R$ 1,1 bi – Em segundo lugar, no ranking de aportes efetuados pelos fundos vêm as empresas listadas no exterior, cujo investimento saltou de R$ 614,3 milhões para R$ 1,1 bilhão, em igual período, o que corresponde a uma expansão de 80%.
Popularização de BDRs – Para analistas, esse crescimento vertiginoso decorre da popularização das BDRs, sobretudo após a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) haver liberado o acesso desses ativos por parte de pequenos investidores. Atualmente, esses recibos negociados na B3 (B3SA3) replicam índices de companhias estrangeiras.
Investidor de varejo – “Mais lenha na fogueira desse mercado”, compara o analista da Toro Investimentos, João Vitor Freitas, ao comentar o ingresso do chamado investidor de varejo. “O aumento do interesse do investidor tornou mais viável a compra desses ativos lá fora para a emissão aqui no Brasil”, acrescenta Freitas.
S&P 500 ‘excepcional’ – Também contribuiu para essa performance positiva o crescimento ‘excepcional’ do mercado ianque em 2021, onde o índice de referência de Wall Street (S&P 500) emplacou valorização de 26,9% no ano passado. Outro indicador, o BDRX (espécie de carteira virtual que mede o desempenho dos ativos no exterior ofertados pela B3 – B3SA3), saltou 33,65%. Em igual período, o Ibovespa ‘tombou’ 11,8%.
Pacote de juros – A situação agora, porém, é diferente, diante da perspectiva de avanço dos juros ianques, a partir de março próximo, como anunciou, há semanas, o presidente do Federal Reserve (Fed) – banco central do EUA – Jerome Powell, deixando claro que essa majoração seria a primeira (de até 50 pontos base), de pelo menos outra quatro, ao longo desse ano, a fim de debelar a maior inflação estadunidense em 40 anos – 7%.
Ingresso forte – Entretanto, apesar do cenário desafiador, o potencial de crescimento dos BDRs continua expressivo, a julgar pelo ingresso massivo de capital estrangeiro no país, à caça de ganhos rápidos, no momento em que o mercado dos EUA ainda se ajusta aos trancos monetários de Tio Sam.
Crescimento favorecido – Ainda assim, para o sócio da OBB Capital, Luiz Crispim, “as altas de juros e da inflação, aliados a uma maior aversão de risco no Brasil e nos Estados Unidos, devem favorecer a continuação do crescimento dos investimentos em BDRs em 2022, que “oferecem uma alternativa atraente de diversificação de risco fora do Brasil, além da oportunidade de acesso a algumas das melhores companhias do mundo”, concluiu.
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