Dólar recupera perdas e opera em ligeira alta contra real

O dólar retornava da queda inicial e passava a mostrar estabilidade e discreto avanço contra o real nesta terça-feira, com os temores sobre o cenário doméstico se sobrepondo à disposição global por ativos de risco em meio à presunção de uma vitória do democrata Joe Biden nas eleições presidenciais nos Estados Unidos.

Às 14:25, a moeda norte-americana subia 0,15%, a 5,7470 reais na venda, após ter tocado queda superior a 1,5% na mínima, a 5,6496 reais.

Na B3, o dólar futuro de maior liquidez se mostrava estável, a 5,7505 reais.

“O real está com performance aquém de seus pares emergentes em razão de preocupações com o cenário fiscal brasileiro”, disse Luciano Rostagno, estrategista-chefe do banco Mizuno.

Outro fator que aumentava a cautela de investidores, acrescentou Rostagno, era a notícia de que o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), disse na véspera estar preocupado e pessimista com o calendário desorganizado do governo para as pautas que deveriam ser votadas.

Em live promovida pelo jornal Valor Econômico, Maia disse que “nosso tempo já passou”, e que o projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2021 pode ser votado até dezembro, mas o projeto de Lei Orçamentária Anual (LOA) do ano que vem não será.

No radar de operadores domésticos, que temem um possível desrespeito ao teto de gastos, estão dúvidas sobre como o governo financiaria um projeto de auxílio econômico diante de um orçamento apertado atual.

A “incorporação do movimento de ontem, que não foi um bom dia para mercados emergentes”, citou Rostagno. Os mercados financeiros domésticos ficaram fechados na segunda-feira em razão do feriado do Dia de Finados.

Mesmo com o avanço da divisa norte-americana frente à brasileira, o dólar recuava fortemente contra uma cesta das principais moedas, refletindo a vantagem do candidato democrata à presidência dos Estados Unidos, Joe Biden, nas últimas pesquisas eleitorais.

Em nota, a equipe econômica da Guide Investimentos destacou que, embora “ainda não (seja) possível definir um resultado concreto”, um “mercado aparentemente mais otimista segue avaliando como boas as chances de uma ‘onda azul’, onde os democratas levam, além da presidência, a maioria nas Casas do Legislativo – fato que auxiliaria na transição mais rápida do poder e, como consequência, a aprovação mais rápida de novos estímulos econômicos na maior economia do mundo.”