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Fim do consignado do Auxílio Brasil? Caixa corta liberação de crédito

Após derrota de Bolsonaro, banco altera políticas de empréstimo na surdina. Modalidades de alto risco de inadimplência são alvos principais

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Recentemente, a Caixa adotou uma série de políticas de crédito alto risco a fim de beneficiar a população mais vulnerável. Dentre as medidas, está a possibilidade de empréstimo consignado vinculado ao Auxílio Brasil. A iniciativa foi alvo de sérias críticas por possibilitar o endividamento dos mais pobres. Outro ponto crítico é ter sido lançada às vésperas das eleições presidenciais. Também chamou a atenção o fato de que, embora o Ministério da Cidadania tenha liberado todos os bancos para trabalharem com essa linha, a Caixa foi uma das únicas que a adotou. Porém, isso parece ter mudado após o fim das eleições presidenciais.

Segundo documentos obtidos pelo UOL, depois que o presidente Jair Bolsonaro foi derrotado no turno, houve uma reviravolta. Nesse sentido, o banco federal alterou regras e cortou a liberação de crédito relacionado a essa linha. Outras modalidades tidas como mais propícias à inadimplência também foram alvo de suspensão. O interessante é que a situação recebeu tratamento apenas interno, sem repercussão pública. No dia 14 de novembro, a instituição enviou um comunicado interno para agências e correspondentes bancários. Nele, diz que houve atualização da lista de pessoas impedidas de contratar o consignado do auxílio.

Ao que tudo indica, essa lista tornou o fornecimento de novos empréstimos bastante restritivo. Curiosamente, nesta mesma data, publicamente a Caixa anunciava o retorno do consignado do Auxílio Brasil. Assim, a liberação se dava após suspensão temporária decorrente de recomendação do Tribunal de Contas da União (TCU). Em visita a uma agência da Caixa em Goiânia (GO) no dia 9 de novembro, a Capitalist presenciou uma cena: ao menos dois clientes, sem a liberação do consignado do Auxílio Brasil no aplicativo Caixa Tem, procuraram atendimento presencial. Na unidade, a informação foi de que a modalidade também estava bloqueada no sistema.

Diretrizes afetam outras modalidades
A grande questão é que as mudanças não envolveram apenas o Auxílio Brasil. A princípio, outras três linhas de crédito para clientes considerados de alto risco em termos de inadimplência sofreram corte após o fim das eleições, em 30 de outubro.
E sem explicação. São os empréstimos categorizados como “rating C”, conforme nomenclatura da própria instituição. Ademais, também no dia 9, mesma data em que a Capitalist esteve em uma unidade, todas as agências receberam uma orientação de que a “modalidade [foi] suspensa por tempo indeterminado”.

A surpresa se deu porque tais linhas de crédito eram antigas. Nenhuma delas estava atrelada a algum programa social, diferentemente do consignado do Auxílio Brasil. Além disso, o anúncio foi feito um dia após o sistema do banco ficar fora do ar por várias horas, o que impediu o atendimento em agências e lotéricas de todo país. A Capitalist também havia comparecido à agência no dia 8 de novembro e recebeu o esclarecimento de que se tratava de uma “pane geral no sistema do Banco Central, afetando os sistemas de todos os bancos”. Porém, outras instituições bancárias não registraram instabilidade.

Não é possível afirmar que haja relação direta entre os episódios e a própria Caixa nega. Quanto às mudanças, o banco federal afirma que “a concessão de crédito obedece a critérios internos de governança, com base no contexto de mercado, no monitoramento de seus produtos e nas estratégias do banco”. Vale lembrar que, recentemente, a Procuradoria-Geral da República, em despacho do procurador Augusto Aras, declarou o consignado do Auxílio Brasil inconstitucional.

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