Mercado de Trabalho
Brasil: frentistas, uma profissão em perigo?
Enquanto nos EUA e grande parte da Europa o autoatendimento nos postos de combustíveis é uma prática comum, o Brasil ainda mantém a tradição dos frentistas atendendo os motoristas. Essa peculiaridade levanta questionamentos e debates sobre a relevância e o futuro desses profissionais no cenário automotivo nacional.
A presença dos frentistas é enraizada na cultura brasileira, e muitos motoristas estão acostumados a contar com a assistência desses profissionais durante o abastecimento. A implantação do autoatendimento no país foi tentada em 1990, mas enfrentou obstáculos e foi barrada pela lei 9956.
No entanto, em 2018, um novo Projeto de Lei (nº 519) surge propondo a reintrodução do autoatendimento, com o apoio do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE), visando estimular a concorrência e reduzir os custos para os donos dos postos.
Os frentistas não se limitam apenas ao abastecimento de combustível; eles executam diversas outras funções, como manusear dinheiro, realizar a troca de óleo, ajustes mecânicos, venda de acessórios e serviços de lavagem automotiva.
Portanto, a introdução do autoatendimento não significaria o fim imediato desses profissionais, mas certamente reduziria significativamente sua demanda no setor.
Alguns argumentam que a adoção do autoatendimento resultaria em redução nos preços dos combustíveis, beneficiando os consumidores.
Porém, há ceticismo sobre essa afirmação, levantando a hipótese de que os proprietários dos postos podem se beneficiar financeiramente com a economia nos custos trabalhistas sem repassar a redução aos consumidores.
A transição para o autoatendimento também requereria um período de adaptação, considerando que muitos motoristas, especialmente os menos familiarizados com a tecnologia, poderiam enfrentar dificuldades na hora de abastecer seus veículos.
Diante desse debate complexo e multifacetado, fica evidente que a tecnologia tem potencial para causar impactos significativos no setor de postos de combustíveis.
A persistência dos frentistas no Brasil, apesar das tentativas de automação, mostra que a questão é mais do que uma simples mudança de prática; é uma questão cultural e econômica que envolve diversos atores e interesses.
Ainda assim, o futuro do abastecimento de veículos no país pode ser moldado por novas tecnologias que desafiarão a tradição e impulsionarão o debate sobre a relevância e o papel dos frentistas no cenário automotivo brasileiro.
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