Economia
IPCA em setembro avança ao maior nível em 17 anos com alta nos alimentos
Alta do IPCA em setembro foi de 0,64%, segundo dados do IBGE.
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) anunciou nesta sexta-feira que seu Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em setembro registrou alta de 0,64%, a maior para o mês desde 2003, em meio ao aumento dos preços de alimentos.
Segundo o IBGE, o movimento está associado ao pagamento do auxílio emergencial e ao crescimento das exportações de alguns produtos.
De janeiro a setembro deste ano, o IPCA já acumulou alta de 3,14%, acima dos 2,44% nos 12 meses até agosto.
Analistas esperavam uma inflação menos elevada, e previam aumento de 0,54% em setembro frente a agosto e de 3,03% no acumulado de doze meses.
A maior variação e o maior impacto no índice no mês vieram do grupo alimentação e bebidas, que subiu 2,28%, após alta 0,78% em agosto, informou o IBGE. Por sua vez, esse aumento é fruto da alta de 2,89% nos alimentos para consumo em domicílio, com óleo de soja (+27,54%), arroz (+17,98%), tomate (11,72%) e leite longa vida (+6,01%) liderando os avanços.
“A gente tem o auxílio emergencial pressionando os preços dos alimentos, assim como o câmbio, que estimula exportações e restringe a oferta doméstica”, disse Pedro Kislanov, gerente da pesquisa do IBGE.
Em resposta ao impacto econômico da pandemia de Covid-19, o governo brasileiro tem oferecido a milhões de cidadão um auxílio emergencial no valor de 600 reais de abril a agosto e de 300 reais de setembro a dezembro.
Também impactaram no IPCA com altas significativas os itens de residência (+1%) -, transportes (+0,70%) e habitação (+0,37%).
Somente o segmento de saúde e cuidados pessoais teve recuo significativo entre o nove grupos monitorados, de 0,64%. Já o grupo educação teve discreta queda de 0,09%.
Alta nos serviços
O IBGE disse ainda que os preços dos serviços retomaram sua alta em setembro, em 0,17%, pelo primeiro mês desde abril. Foram observados saltos nos preços de alimentação fora de casa, passagens aéreas, pacotes turísticos e aluguel de veículo em meio ao relaxamento de medidas de restrição impostas durante a pandemia.
“Não dá para falar em pressão de serviços, o que dá para dizer é que há uma mudança na trajetória”, disse Kislanov.
O IPCA teve alta de 0,24% em agosto, enquanto em setembro de 2003, foi registrada alta de 0,78%.
Mesmo com os avanços, a inflação em 12 meses continua abaixo da meta do Banco Central para este ano, que é de 4%, com margem de tolerância de 1,5% para cima ou para baixo.
Em setembro, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, afirmou que estava tranquilo com o cenário inflacionário, avaliando que a pressão em 2020 não deveria afetar as inflações futuras.
O BC sinalizou em 24 de setembro que previa alta nos preços livres nos meses à frente, com pressão sobre o preço de alimentos e reversão da queda em serviços, em seu mais recente Relatório Trimestral de Inflação (RTI).
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