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Tecnologia

Redes sociais: mais viciantes que chocolate? a ciência responde

Mais de 40 estados norte-americanos processaram a Meta por uso indevido de estratégias para gerar vício e uso compulsivo de plataformas digitais.

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A situação das redes sociais nos Estados Unidos não está nada fácil. Um grupo de 41 estados, juntamente com o distrito de Colúmbia, entrou com uma ação judicial contra a Meta, companhia que detém o Facebook, Instagram e WhatsApp.

O motivo alegado por eles é que a empresa utilizou recursos das plataformas para gerar vício e uso compulsivo em crianças e adolescentes.

“A Meta aproveitou tecnologias poderosas e sem precedentes para seduzir, envolver e, por fim, enredar jovens e adolescentes. Seu motivo é o lucro”, afirmaram os estados no texto da ação.

Para além desse episódio, o assunto é de fato importante e reverbera em uma questão geral que deve ser apreciada por todos, e não somente pelos EUA: os jovens estão ficando viciados em redes sociais?

Por que tão viciantes?

Esse tópico tem sido alvo de pesquisas científicas ao redor do mundo. Especialistas na área afirmam que a maneira como os conteúdos compartilhados influenciam reações, impulsos, conexões neurológicas e comportamentos explica o magnetismo das redes sociais.

Essa relação é tão sofisticada que as pessoas se tornam reféns da internet, a ponto de terem dificuldades para se afastar. No entanto, as táticas usadas pelas plataformas precisam ser destacadas.

Uma das estratégias é o chamado “reforço intermitente”, que cria a noção de que o usuário pode receber recompensas a qualquer momento, embora esse momento seja imprevisível. Por exemplo, ele pode nunca chegar.

Relação com caça-níquel

Existem, inclusive, especialistas que associam a tática das redes sociais à lógica de caça-níquel. Os usuários costumam ser atraídos pela profusão de conteúdos, pelas luzes e pelos sons e ficam imersos nisso, sob a esperança de receber algo em troca.

Todas as faixas etárias são suscetíveis a isso, mas os mais jovens tendem a ser mais vulneráveis. Isso se explica porque determinadas regiões do cérebro, responsáveis por oferecer resistência às tentações, ainda não são tão desenvolvidas.

Além disso, o cérebro dos adolescentes, muitas vezes, está sintonizado com conexões sociais, algo que é facilmente encontrado e praticado nas plataformas digitais.

Vício é compulsão?

O entendimento da comunidade científica tem mudado, ao longo do tempo, no que se refere à definição de vício. Por muitos anos, os cientistas associaram-no ao consumo de substâncias, e não a comportamentos.

Desde 2013, com a publicação do “Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais”, a situação mudou um pouco. Foi a primeira vez que a ideia de vício em jogos na internet foi introduzida.

Essa definição foi aprimorada nos anos seguintes por meio de novos estudos. Atualmente, existem diferentes grupos e compreensões na comunidade acadêmica. Alguns preferem o termo “uso problemático” em vez de “vício”, bem como a especificação “uso de mídia na internet” em vez de, simplesmente, “internet”.

Isso ocorre, segundo os cientistas, pelo fato de explicar melhor a causa e a consequência, sem demonizar excessivamente a internet como um todo, uma vez que o uso dela é essencial e bastante útil no cotidiano, se realizado de maneira controlada.

Por outro lado, quando o uso é excessivo, já foi comprovado que isso interfere no rendimento na escola, no trabalho, no sono e em outros aspectos de uma vida saudável.

Jornalista formado pela Universidade Federal de Goiás (UFG), com especialização em Comunicação Digital, e que trabalha há 14 anos como repórter e redator

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